Quem sou

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Sou uma pessoa alegre e tranquila.Tenho percepções um tanto diferente, vejo o mundo de forma simples e descontraída!! Ficar no mesmo lugar me cansa, por conta disso, amo viajar, principalmente quando não tenho tenho hora pra voltar. Sou uma romântica assumida, apaixonada pela músicas e por meus gatos. Talvez, eu até seja um tanto instável, mas sou sincera.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Inevitável

-Como consegue gostar dessas coisas?
-Que coisas? - disse ela, organizando uma pilha de livros e folhas.- Você está falando sobre os livros?
-Sim! Não consigo entender como consegue esquecer as pessoas e viver de leituras..- Ele estava parado na porta do quarto, olhava para aquele monte de cadernos e folhas espalhadas.- Tem coisas mais interessantes lá fora do que esse monte de folhas.
Marcela nem sequer olhou para ele, sua atenção estava voltada inteiramente para os livros que acabará de comprar...uns 10 talvez. Isso a agradava bastante, teria bastante material para se ocupar nas próximas duas semanas.
-Quanto você gastou com tudo isso? Posso saber?
-Nem foi muito, aproveitei uma promoção, acabei comprando todos- disse ela rindo, enquanto procurava espaço para colocar suas novas aquisições na estante abarrotada de livros e enciclopédias.- Custaram menos do que as informações que contém.
-Lá vem você de novo...- disse ele resmungando.- Vamos dar uma volta, está um dia lindo lá fora. Podemos sair, tomar um sorvete ou quem sabe ligar para uns amigos, e ir a um bar...
-Estou mais para ver um filme, o que acha? Tenho alguns aqui que são muito bons - ela estava agora sentada em frente ao notebook, olhando um blog talvez...
-Não quero ver filme, quero sair contigo! - ele olhava sério para a garota- Será que está difícil você perceber isso?
-Eu sei querido, percebi sim.- Sabia que dessa vez não conseguiria fugir- Vou me arrumar então.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A alma


-Estou morto... - disse ele, em voz baixa, seus olhos procuravam algo escondido entre as longas tábuas do assoalho.- Sinto-me assim a um bom tempo, estou apenas esperando o fim.
-Que coisa horrivel de se dizer!- ela estava deitada sobre a cama, com o olhar voltado para o teto.- Você assim tão inteligente, quantas pessoas queriam ter o que você tem! Deveria se orgulhar! Se sentir feliz, privilegiado!
-Não é simples, não é algo que eu possa te explicar claramente, apenas sinto como se as coisas fossem desnecessárias, como se faltasse um motivo, uma razão...
-Mas tem! Você tem família, amigos, irmãos... quer mais motivos ou razões? Tanta gente aí, que não tem ninguém...- ela agora olhava atentamente para ele, seu amigo estava ali, sentado num pequeno sofá próximo a uma janela praticamente tampada por um cobertor velho... tudo era escuro, apenas um pequeno feixe de luz penetrava naquela espessa barreira...
- Não sei se isso basta...

domingo, 29 de novembro de 2009

A morte

O que ela podia fazer, ele iria morrer, de verdade, tentara de tudo, remédios, cuidados especiais... nada disso surtia efeito, apenas a piora era vista, a cada dia mais aquele pequeno corpo definhava... não morria, parecia que a morte não o queria, mesmo sabendo que a vida o abandonava a cada minuto...
-O que faço?-disse ela a um amigo ao telefone.
-Sei lá... já deu remédio? - disse ele.
-Sim, sim, mas ao invés de melhorar, parece que ele piora a cada dia... já não está comendo a dias...estou preocupada.
-Ahaa Sandra, é apenas um peixe, se morrer, jogue-o no vaso e compre outro!- um tom de impaciencia era claro em sua voz.
-Mas eu gosto tanto dele...
-Eu sei, mas fazer o que?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Selinhos

Oii,

Este post é exclusivo para agradecer um selinho que foi dedicado a mim, por uma pessoa fantástica , a Natália, então, ela é dona do blog http://seosenaotivesseficadosonose.blogspot.com/ , muito bom e recomendo a todos. ^^
Bem, chega de enrolar, o selo é esse:




Regras:
1. Colar o selinho no seu blog; [V]
2. Dizer o nome da(o) amiga(o) e do blog que te indicou: [V]
3. Tornar-se seguidor do Blog que te indicou [V]
4. Passar para 10 blogs nos quais vocês são VICIADOS:

Seguem os dez blogs:
01.http://seosenaotivesseficadosonose.blogspot.com
02.http://espacinhoembranco.blogspot.com
03.http://all-access-to-all-things.blogspot.com
04.http://apimentario.blogspot.com
05.http://syn-blog.blogspot.com
06.http://divadalouca.blogspot.com
07.http://apenassobremim.blogspot.com
08.http://merdafalei.blogspot.com
09.http://lascivotorpor.blogspot.com
10.http://blogkamilla.blogspot.com

Ta aí.
Obrigada.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Velhice...


-Sinto-me velho, é isso que acho. – disse ele remexendo em algo dentro da mochila.
-Não estou ouvindo nada de novo, você sempre me diz isso- disse ela, que observava o horizonte através da pequena janela daquele recinto.- Toda a vez que eu chamo você para sair é essa mesma conversa.
-É sério, não tenho mais animo para as baladas, festinhas e afins... é sempre a mesma coisa... Às vezes, o que muda é a ressaca moral, fora isso, é tudo igual: menininhas fantasiadas, garotos que mais se parecem mentalmente com krill do que com seres humanos... Estou cansado dessa gente.
Ela resmungou alguma coisa, ainda sentada na cama, virou-se para ele, que por sua vez estava a um metro de distância, sentado na cadeira próxima ao computador. Ela o encarou por alguns instantes, depois disse: - Quanta acidez...
-Não é acidez, é verdade. Vai dizer que não é assim...
-Pode até ser, mas não há nada de mal em sair e ver um pouco o movimento, também acho a maioria das pessoas chatas e cansativas, mas não pretendo ficar enclausurada em casa, quero respirar um pouco, e estou requisitando a sua nobre companhia, posso?
-Poder pode, mas ...
-Ahaaa vamos, não tem nada melhor do que nós dois exercitando nossa acidez juntos.- Disse ela sorrindo.- Vai ser divertido, te garanto! Nada melhor do que exercitar o humor negro.
Ele olhou para o relógio do computador a sua frente, soltou um longo suspiro e disse: -Você não vai desistir né?
-Provavelmente não. - ela já estava rindo, já sabia a resposta.
-Vou tomar um banho. – disse ele, mas ao chegar a porta, virou-se e perguntou: - Para onde vamos?
- Para o barzinho da esquina.

domingo, 15 de novembro de 2009

De onde menos se espera...

Era mais de meia noite... nada acontecia naquela noite tranquila e chuvosa. Pela janela via-se escorrer a água que insistia em se chocar contra o vidro liso. Apenas o ruido da chuva era sentido naquele quarto escuro e abafado.
O telefone tocou, tocou, tocou... e num movimento lento, preguiçoso até o barulho cessou: - Alô- sua voz era arrastada e sonolenta.
- Carla? - era uma voz masculina, bem familiar.
-Oi...
-Que voz é essa? - Ele parecia um tanto impaciente.
-Voz de quem estava deitada... - disse ela num tom ácido.
-Deitada? Ahaa para com isso, hoje é sexta! Vamos sair!! Animo garota!!
-Nem tenho isso ai não, estou cansada.- enquanto falava, Carla voltou para a cama e deixou seu corpo cair sobre a cama.- Você sabe que não vou sair.
-Então vou aí! Em meia hora estarei aí, e ai de você que não esteja pronta.
-Não vou sair Pedro, desista!- Ainda segurando o telefone, Carla rolou pela cama, abraçou o travesseiro e tateou no escuro a procura das cobertas, assim que as encontrou puxou-as vagarosamente sobre seu corpo.
-Já te avisei. Estou indo pra ai.- dizendo isso, desligou o telefone.
Carla soltou um suspiro, abraçou o travesseiro, e deixou que o sono viesse...
O som da batida da campainha se fez escutar meia hora depois. Bateu uma, duas, três vezes... em seguida, um click baixo se fez ouvir, em seguida o barulho da porta sendo fechada.
A sala longa, cheia de livros nas suas várias prateleiras e num pequeno sofá, outros vários volumes, estavam espalhados. Logo adiante um pequeno corredor que dava acesso para o quarto. Tudo estava escuro.
-Não acredito que você ainda está desse jeito! - Disse Pedro, acendendo a luz do quarto.
Carla balbuciou alguma coisa, talvez uma reclamação pelo clarão da luz que se deu após a chegada de Pedro, puxou o travesseiro sobre a sua cabeça e permaneceu imóvel.
Pedro andou até a cama, se sentou, e observou a moça. Era bonita, morena, com longos cabelos cacheados, e ainda assim estava ali, quase derrotada.
-Vamos Carla, você precisa sair, ver gente. Ficar desse jeito não vai resolver.
-Estou cansada, é só isso.- Resmungou ela.
-Vem- disse ele levantando ela pelos braços.- Não vou deixar você se destruir. Vamos.
-Não estou a fim.
-Não te perguntei, estou falando o que vou fazer e aconselho você a me obedecer.
-Sorte a sua que você é meu irmão...
-Graças a Deus.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Acontece - parte 2

Atraso... ônibus perdido, essa era a luta diária. Sua renda era baixa, e era obrigada a morar em um pequeno bairro longe do centro. Assim seguiam os dias de Marina.
O ônibus agora teimava em demorar, e o ponto do ônibus se abarrotava. As pessoas reclamavam, emburradas, embrutecidas pelo sistema falho talvez... faltava-lhes algo, o amor, por alguem, pela vida... nada disso afetava Marina, seu pensamento estava longe, viajando através da música de seu MP3, e admirando o céu, cada vez mais claro. Enfim, o veículo abarrotado parava no ponto e nesse momento seus futuros passageiros se apresentavam ainda mais irritadissos.
-Não se tem respeito mais. Por que não colocam mais ônibus. Pagamos pra andar nesta lata de sardinha.
Uma senhora, já de idade procurava um lugar para se instalar naquele ônibus entupido, não havia espaço, e ninguém se preocupou em se mover, era 7:30, todos tinham de trabalhar... e a pobre senhora seguiu viagem, do jeito que deu, em pé, espremida entre outros tantos passageiros.
Vários minutos depois, Marina se espremia entre o passageiros, para que dessa forma conseguisse descer no ponto desejado.
-Com licensa.-disse ela, esbarrando a mochila numa senhora.- Desculpa.- e assim foi até conseguir descer. Marina fazia o mesmo percurso todos os dias, passava pelas mesma ruas, até chegar a sua escola. E a rotina prosseguia, da escola ao curso de música e deste ao trabalho...
Era uma sexta feira, todos no caminho estavam felizes, enfim o descanso, menos para Marina, ela iria trabalhar a noite toda...
-Boa noite Ricardo.
-Oi Marina! Preparada para esta noite?- Disse ele, visivelmente animado- O Fernando disse que a casa hoje vai encher.
-É mesmo? Que ótimo- casa cheia pra ela era ótimo, receberia um pouco mais do que de costume. Marina seguiu para uma pequena sala que funcionava como vestiário, colocou sua mochila num canto, próximo ao armário,e trocou de roupa - Preciso estar apresentável- pensou ela, ao arrumar os longos e cacheados cabelos.
Um leve batida na porta, e em seguida entra Fernando.
-Olá querida!-disse ele- Você está linda hoje.
-Obrigada- Marina ficou um pouco sem graça.- Bem, já está na hora, vamos.- Os dois saíram do vestiário e seguiram para o palco, através de um pequeno corredor que passava próximo a cozinha, esta por sua vez já estava bem movimentada naquela hora, dentro dela os funcionários se deslocavam rapidamente de um lado para o outro, visivelmente atarefados.
-Oi moçaa!!- gritou Henrique, um senhor careca, e bastante grisalho- Bom trabalho viu!!- disse ele acenando, com um largo sorriso no rosto.
-Obrigada!
(...)
A apresentação dessa noite havia cansado bastante Marina, o salão lotou, e os clientes pediam muitas músicas, mesmo depois do repertório inicial ter-se esgotado... aquilo fazia parte de seu trabalho, fora que contribuía para as gorjetas e a receita da casa... enfim, o show terminou, no salão não havia mais ninguém, quase todas as luzes estavam apagadas,e Marina recolhia seu material de trabalho, quando ouviu o barulho de uma cadeira sendo arrastada no centro do salão... um homem, vinha andando lentamente em sua direção.
- A apresentação já acabou, o que o senhor faz aqui dentro?-Disse ela.
O homem deu alguns passos em direção ao palco, e disse: - vi você uma vez, na rua... infelizmente não pude falar contigo, eu estava com pressa- Ele deu mais alguns passos, indo em direção a luz, sua aparência era bem mais jovem, tinha seus 20 anos talvez.
-Não conheço você...- ela agora olhava atentamente para o rapaz que estava a sua frente, algo lhe parecia ligeiramente familiar, mas não se recordava de onde vinha essa semelhança.
-Imagino que não se lembre... - disse ele rindo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Acontece...


Os dias corriam tranquilos... Marina andava pelas ruas, apressada, estava atrasada como sempre.- Culpa dos ônibus que nunca seguem o horário.- pensava ela.
Estava quase a correr, sua professora iria adverti-la novamente, quinze minutos de atraso e a reclamação talvez chegasse a supervisora, Marina não podia se dar ao luxo de não ter mais aulas de piano, era como se sustentava naquela grande cidade, longe de seus pais, de todos que podiam falar por ela, assim corria, a esbarrar na multidão que se acotovelava pelas espremidas ruas do centro da cidade, naquela manhã chuvosa e triste.
Ela estava a atravessar a rua quando um garoto, talvez um pouco mais velho que ela, a acotovelou e passou à sua frente... em seguida uma forte freada e um baque surdo e gritos assustados.
-Meu Deus!!-Gritou um senhor ao seu lado.
-Liguem pra alguem, pelo amor de Deus- disse uma senhora, visivelmente nervosa.
O rapaz estava caído aos pés de Marina, parecia chocado, confuso, seus olhos procuravam algo entre a multidão ao seu redor.
-Chamaram a polícia?- Disse um senhor barbudo.
O motorista olhava desconsolado para o jovem que acabara de atropelar:-Você está bem? -disse ele- consegue me ouvir? Diga-me algo!- E olhando pra Marina, parada em pé, rente ao rapaz, perguntou: - Você o conhece?- Ela estava parada, a olhar para o rapaz estendido no chão, chocada.
A ambulância acabara de chegar, os curiosos foram rapidamente afastados do rapaz. Marina ajoelhou-se perto do rapaz, o olhava. Ambos se encaravam buscando respostas para aquele acontecimento, ela queria simplimente agradecer...queria ajudar.
-Mocinha! Ei!!- gritou.- Você o conhece?
-Ha? Não senhor... estava indo pra escola, e...
-Então se afaste por favor. Isso. Obrigada.
E poucos minutos depois a ambulâcia saiu.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A escolha (parte 3 / final)

O transito estava tranquilo, e o carro andava rapidamente pelas ruas da cidade.
Ana olhava, tensa, os prédios que passavam rápido, sua mente voltada apenas para suas preocupações..." Nada daquilo podia estar acontecendo. Justo agora!!" pensava ela.
-Já estamos chegando.- disse Marcelo, ao entrar no estacionamento do hospital.
-Ok.
Eles saíram do carro e andaram até a recepção do hospital. Pessoas andavam de um lado a outro, algumas olhavam impassiveis para o relógio, outras tinham seus rostos encharcados pelo choro, aquilo definitivamente era o pronto socorro.
-Bom dia- disse ela.- Gostaria de saber em qual quarto se encontra o senhor Carlos Andrade.Sou filha dele, e fiquei sabendo que ele foi trazido pra cá hoje de manhã.
-Sim senhora, ele esta estável, e já está no quarto, mas creio que a senhora terá de esperar. Sabe como é, só permitimos a entrada de duas pessoas por vez no quarto do paciente.
-Ok, obrigada senhora.
Ana e Marcelo se dirigiram ao andar indicado pela recepcionista. Um longo corredor se estendia diante do elevador, e pouco depois dele uma pequena sala de espera, onde se encontravam algumas pessoas. Ana olhou dentro da sala à procura de sua mãe, e num canto próximo a janela estava ela, com um olhar perdido.
-Mãe?- Chamou.
-Ana!! Graças a Deus!!-Disse a senhora, ao levantar rapidamente da cadeira e rapidamente abraçou a filha.- Ainda bem que você chegou, estava em tempo de ficar louca, tive que providenciar os documentos, um monte de coisas...
-E como ele está?- A mãe dela ainda falava sobre os infortúnios que tinham acontecido até então.
-Hum- disse ela ao ser interronpida.- Segundo o médico, ele teve apenas alguns arranhões, mas como bateu a cabeça, vai ter de ficar aqui no hospital em repouso.
-Você já falou com ele mãe?
-Ainda não querida, sabe como são essas coisas, só consegui vê-lo dormindo.
-Quanto tempo ele está aqui?
-Me ligaram tem uns 40 minutos, estava aqui perto, na casa de uma amiga. Por falar nisso, querida, fique aqui com ele, tenho outras coisas a fazer.- dizendo isso, sua mãe pegou a bolsa que estava no banco e quando ia sair, olhou para Marcelo.- Quem é esse rapaz bonito que está contigo minha filha?
-É o Marcelo...- disse Ana, sentindo seu rosto ficar vermelho- A senhora não se lembra dele?
A mãe de Ana se aproximou mais, o analisou, mas não disse nenhuma palavra.
-Já namorei sua filha a alguns anos atrás. Até na casa da senhora eu fui.- Disse Marcelo, visivelmente enrubecido.
Depois de mais alguns momentos de silencio, finalmente a mãe de Ana disse: - Espero que dessa vez vocês tenham um pouco de juízo e sosseguem juntos.- dizendo isso, a senhora se dirigiu ao elevador e foi embora.
O silêncio dominou o ambiente por alguns minutos. Ana foi até o quarto onde seu pai estava, entrou e lá encontrou um senhor de meia idade, ainda belo apesar da idade, deitado numa cama de hospital. Marcelo a seguiu, a um pequena distância.
-Filha?
-Pai, você está acordado ou te acordei?
-Estava fingindo que dormia...sua mãe estava aqui,e se ela pudesse iria me passar um sermão. Você me entende né?
-Sim.
-Marcelo? Nossa quanto tempo!! Chegue mais perto.- Marcelo se aproximou da cama, o senhor deitado ali o examinava.- Como você mudou. Você viu isso Ana?
-Vi sim.- Ela estava sem graça,visivelmente desconcertada disse:- O médico lhe disse quando vai sair?
-Daqui a algumas horas. Preciso de roupas limpas.- Disse ele ao olhar para o quarto.- Acho que sua mãe se esqueceu de pegar roupas lá em casa- e com um suspiro disse:- Minha filha, preciso que pegue roupas para mim.
-Tudo bem. Passo lá. O que você quer que eu traga?
-Fica a seu critério.
Ana saiu do quarto, seguida de perto por Marcelo. Ao chegarem perto do elevador, ele olhou pra ela atentamente.
-Agora que você viu que está tudo bem, podemos conversar?- O elevador estava parado alguns andares acima deles, Ana olhava ansiosa para o indicador no alto da porta.- Agora!
Ana olhava para a porta do elevador, torcia as mãos nervosamente.
-Olhe Ana, sei que não fiz nada direito no passado, mas estou aqui, estou querendo concertar meus erros.
-Não é tão simples assim...você some, reaparece quando bem quer e acha que tem o direito de exigir que eu preste atenção no que diz?
-Não foi assim, você sabe disso. Passei numa prova, eu tinha de ir, mas não me esqueci de você.- Ele olha pra ela atentamente, e então suspira. - Não quero falar sobre passado, quero corrigir meus erros, sei que errei em não te dar o apoio que você precisava, mas você tem de entender meu lado também.
-Não quero entender nada ok?- Ela estava quase gritando, seu corpo tremia.- Quero apenas continar com a minha vida... sem você.- Ana olhava fixamente para a porta do elevador, estava tentando se controlar.
-Então por quê você não diz isso olhando pra mim?- Marcelo a segurou pelos ombros, e a virou, ela o encarou com os olhos cheios de lágrimas.- Olhe pra você, está chorando... Por que está chorando?
-Não é da sua conta- Disse ela tentando se desvencilhar das mãos de Marcelo.
-Claro que é! Você quer que eu acredite no que está dizendo, mas não olha pra mim, e quando olha, está com os olhos cheios de lágrimas. Você quer enganar quem?
-Me solte!- Ao invés disso, Marcelo a abraçou, com força. Por alguns instantes Ana tentou se soltar, mas no fim, também o abraçou.

domingo, 6 de setembro de 2009

A escolha (parte 2)


Marcelo estava parado em frente a porta, olhava atentamente para Ana. A chave rodou na fechadura, e por alguns minutos se entreolharam, estavam se avaliando, como se o tempo não tivesse exercido seu poder sobre eles.
-Bom dia, Ana.-A voz de Marcelo estava diferente agora, muito diferente aliás.
-Bom dia.-disse ela- Entre.
Ele passou por ela, no seu constumeiro ritmo, sem pressa, e aquilo lhe trazia lembranças, muitas aliás, que ela desejou por muito tempo esquecer.
-Cheguei cedo não é?
-Hã? Não! Imagina, é que não estou acostumada a receber visitar a essa hora da manhã.- O relógio na parede indicava 8 horas.- Se você não se importar- disse ela apontando em direção à escada- Tenho muito trabalho a fazer...
-Não se preocupe, não vou te atrapalhar, só quero conversar um pouco.-Disse ele, enquanto andavam em direção à escala circular no fim da sala.- A loja tem bem o seu estilo.- disse enquanto olhava a sala.- Móveis lisos, em tons frios, com alguns toques de cor. Imagino que os enfeites, os quadros, e esses outros detalhes são todos feitos por você.
Ana não tinha se dado conta, mas Marcelo estava observando cada detalhe, cada objeto, os enfeites, tudo, e aquilo a deixava bastante desconcertada.
-É sim.- disse ela, um pouco desconcertada.- Faço vários tipos de mosaicos, com diversos materiais. E você acertou, são todos eu que fiz.
-E você os vende?
-Não todos, a maioria dos que estão neste andar são peças que não tenho a intenção de vender.-Disse ela ao olhar para a sala- Na verdade, trabalho mais sob encomenda.
-Entendi.
Eles subiram as escadas que dava para uma pequena cozinha. Ainda sobre a mesa, estava o copo de chá que ela havia deixado pouco antes de descer, ao seu lado uma pequena vasilha com biscoitos.
-Você ainda come esses biscoitos com sementinhas?- disse ele ao pegar um deles e mordiscá-lo.
-Sim, gosto bastante desses biscoitos com cereais... acho que muitas coisas ainda são iguais ao que eram.- ela pegou seu copo de chá, foi até a chaleira e o encheu. Marcelo a olhava, atentamente, talvez ela começasse a chorar.- Aceita chá? Ou prefere café?
-Café é melhor.- Ele ainda olhava fixamente para ela, mas em momento algum ela o encarou.
Ficaram aguardando em silêncio, enquanto a água fervia. Nenhum assunto, apenas o silêncio, e nenhum dos dois dizia nada. Minutos se passaram até o café ficar pronto. Ana pegou uma xícara do armário ao lado da escada, a colocou sobre a pia e a encheu de café. Em seguida, pegou a xícara de chá e a de café, entregou a Marcelo sua respectiva xícara e foi para a outra sala. Marcelo a seguiu.
Estavam numa sala pequena, onde em todas as paredes via-se incontáveis prateleiras e nestas caixas e vidros dos mais variados conteúdos. Do lado oposto à porta estava uma mesa, bem embaixo de uma larga janela de vidro liso, que por sua vez proporcionava uma bela vista para a praça logo em frente. Nessa mesa, vários frascos com conteúdos coloridos, e vidros mais vidros de cola e diversos outros objetos, entre eles um jarro de barro médio parcialmente coberto de desenhos coloridos e alguns livros de fotografia.
Ana sentou-se na cadeita próxima a mesa, e olhando para o vaso, suspirou.
Mais silêncio...
-O que você quer?- disse sem encará-lo, enquanto ia fixando cuidadosamente as pequenas peças coloridas no vaso à sua frente.
Marcelo não respondeu de imediato, olhava para a janela, e através dela o tempo cinzento que se mostrava lá fora.- Pensei que seria bom ver você.
-Porquê pensou isso?
o telefone tocou, interronpendo a conversa, Ana tirou o celular do bolso, era sua mãe, atendeu:- Bom dia Mãe. Tudo bem? Sério?- Ana procurou rapidamente sobre a mesa algo em que pudesse anotar as informações passadas pelo telefone.- Mas ele está bem? Você está com ele? Ok, ok. Estou indo pra ai. Não se preocupe, dou um jeito.- Ana tremia, mal coseguira anotar no papel as informações necessárias. Ela desligou o telefone.
-O que aconteceu?- Marcelo estava de pé ao seu lado.
Ainda trêmula, Ana esquecera-se dele totalmente, levantou da cadeira onde estava sentada e foi até uma parede a esquerda, onde pegou uma bolsa e foi andando até a porta, em direção a escada.
-Ana.
-Hã? Oi, desculpe.
-Não se preocupe, o que aconteceu?
Ana olhou diretamente para ele, e era a primeira vez que fazia isso desde que tinham se encontrado.- Meu pai sofreu um acidente, e está nos hospital agora.
-E como ele está?
-Não sei ao certo, minha mãe estava muito nervosa, estava falando muitas coisas ao mesmo tempo. Tenho que ir pra lá, desculpa não...
-Você vai pegar algo no seu apartamento?- ele não esperou Ana concluir sua fala- Te levo lá no hospital.
Ana se sentia abalada, queria resistir à proximidade, fugir, mandá-lo embora, mas tudo conspirava contra, e suas forças lhe faltavam quando mais precisava delas. Enquanto ela fechava a porta da loja, Marcelo desceu a rua, abriu a porta do carro e o levou até em frente da loja, abriu a porta do carona pelo lado de dentro, e esperou que Ana se sentasse ao seu lado.Minutos depois estavam indo rapidamente para o principal hospital da cidade.
Eram 10 horas da manhã.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A escolha (parte 1)


Muitos anos se passaram... toca o telefone, sem muita vontade ela levanta da cama e atende:
-Alô...-Eram dez horas da noite, lembrou-se que o dia seguinte seria cheio, tinha muitos pedidos pra atender.
-Ana?
-Sim, sou eu, mas quem é?-Não tinha a menor idéia de que fosse, embora sua voz lhe parecesse familiar.
-É o Marcelo, lembra-se?
Marcelo, a muitos anos que não ouvia falar dele, tinham sido namorados, mas ele havia desaparecido depois do término.
-Oiii, quanto tempo! Tudo bem com você?- Ela olhou o relógio, aqueles minutos perdidos no telefone lhe custariam caro amanhã, sabia disso.
-Estou bem e você? Realmente, faz muito tempo que não te vejo, por coincidência encontrei um amigo nosso daquela época, o Beto, você se lembra dele ?
-Hã, claro!! Ele trabalha quase em frente ao meu atêlie.
-Então, perguntei sobre você e ele me deu seu telefone.- ela estava muda do outro lado, porque o Beto tinha feito isso, ele sabia de toda a história, enxugara suas lágrimas diversas vezes por causa do Marcelo.- Então, você é artista agora?
-É, descobri que tenho vocação para isso, tenho me dado bem por enquanto.
-O Beto me disse que você faz cada coisa maravilhosa, me deu até curiosidade.
-Hum, exagero do Beto, sabe, ele sempre foi exagerado e você sabe disso.- Ela desejava desligar o telefone mas algo tornava aquilo impossivel.
-Posso te visitar?- o choque!! era o que ela temia,o que iria responder.- Posso?
-Ok... você tem o endereço?- sua voz quase desapareceu entre essas palavras.
-Tenho sim, amanhã então! Beijos querida!-O click do telefone decidira tudo,e ela ainda olhava para algum ponto da sala escura, tentando entender.Quando eram jovens, eles namoraram, ela era apaixonada nele, mas de repente, tudo acabou e ele simplismente desapareceu, e ao longo desses dez anos que se passaram, poucas notícias sobre ele apareciam ocasionalmente. Ele era um membro importante da polícia na capital, teve um relacionamento sério, entre outras pequenas notícias.
A vida para Ana não tinha sido fácil, casara-se, separou-se depois de três anos, talvez por ser uma relação de conveniência, ou por mera carência. Não tinha filhos, morava sozinha num pequeno e confortável apartamento no mesmo prédio onde estava sua loja,no centro de sua cidade natal. Ela era bonita, morena, magra, mas depois de sua separação, não se envolvera com mais ninguém, apesar da insistência das amigas em "ajudá-la". Sua vida se limitava a cuidar das coisas que mais lhe proporcionavam prazer, algumas noites no cinema ou no teatro, suas obras de arte, e seus queridos peixes.
Seis da manhã. O despertador toca. Ana se levanta, pega as roupas penduradas numa cadeira e se dirige ao ritual cotidiano, toma um banho, toma seu chá de hortelã e come alguns biscoitos, desce para a loja.
Sete da manhã, há poucas pessoas na rua a essa hora, ela desce pelo elevador, sai pelo saguão do prédio e vira a esquina, pouco depois já está em frente a loja.
-Bom dia Dona Ana.
-Bom dia Erick, tudo bem contigo?
-Sim senhora, graças ao bom Deus.- Erick era um senhor, com seus sessenta e poucos anos, e devido as dificuldades que a vida lhe impos, ainda trabalhava. Seu bom humor era notável, e sempre cumprimentava a todos que por ele passasse enquanto fazia a limpeza diaria da calçada daquele prédio.
-Bom trabalho para o Senhor.- disse Ana, enquanto abria a porta do ateliê e logo em seguida a fechava.
-Pra senhora também- disse ele, enquanto seguia seu caminho varrendo a rua.
Ana entrou pela pequena sala, subiu as escadas onde davam para uma pequena cozinha. Pôs a chaleira para funcionar, e enquanto a água esquentava, seguiu para uma pequena sala logo a frente. Ao entrar, numa mesa próxima a porta, havia um pacote ainda fechado, e um pequeno envelope anexado:-São os pedidos...é melhor começar logo.- eles tinham de ser entregues ainda essa semana. Eram muitos, teria de trabalhar duro pra dar conta de tudo. - Talvez eu deva contratar alguem para me ajudar- mas logo desistiu da idéia, sabia que aquilo não dava certo, já tentara uma vez, e o que conseguiu foi apenas desperdício de dinheiro e amolação. A pequena chaleira começou a apitar, Ana preparou o chá, e voltou para a pequena sala, sentou-se próxima a uma grande mesa de madeira, puxou para perto de si um pequeno móvel cheio de gavetas, dali tirou diversos instrumentos, os colocou sobre a mesa e com uma pequena tesoura cortou a embalagem do pacote e se pôs a trabalhar. Ainda eram 7:30.
A manhã daquele dia seguia tranquila, a mesma rotina, o mesmo horário. E então a campainha tocou. Ana olhou atentamente o relógio na parede, era cedo ainda para algum cliente aparecer. Fechou os olhos e rezou para que não fosse nenhum curioso ou algo assim.Desceu as escadas, e apesar da iluminação interna, não deu pra reconhecer o ansioso visitante. A campainha voltou a tocar. Ana apressou o passo, e ao chegar proximo a porta de vidro, lá estava Marcelo...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O céu


Seus dias tristes eram assim, músicas doces e lugares estranhos... o mp3 era seu companheiro, e a mente vazia, vagava sozinha no horizonte, os pensamentos fluiam, solitários, desorganizados e confusos, mas o que era organizado? Afinal, acostumara-se ao caos, caos da vida urbana, da falta de sentido, do avanço que custava o progresso do próximo...Estava ali, sentada no muro de seu prédio a viajar o mais longe que conseguia, sem destino, e isso era sempre bom...
Naquela tarde, o dia estava lindo, e o som que ouvia completava aquela paisagem, seus olhos contemplavam tudo, queria gravar aquela imagem, uma pena que apenas sua mente captava tudo aquilo, na intensidade das cores, a cada nota musical do violão que ouvia, as cores do céu... era difícil dizer, se limitava em contemplar e sonhar..
-Menina! Desça desse muro!-Gritou um vizinho.- Sâo três metros, e se você cair, vai se machucar feio!! Desça!!!
E assim, sua paz acabou.

Relógio


Ela olhava ansiosamente entre o copo e o relógio.
Era domingo, um dia ensolarado e lindo, mas havia algo pesado no ar. As pessoas a sua volta falavam alto, riam, apostavam, o cheiro de fumaça vindo da churrasqueira inebriava o olfato. As crianças corriam. Um alegria só. Caixas e caixas de cerveja. Minuto a minuto chegava alguem, carregando três ou quatro garrafas estupidamente geladas, e nesse ritmo alucinado, movido a músicas típicas de churrasco, o pessoal embalava numa euforia alcolica, esquecendo por alguns minutos o seu drama particular... menos ela.
-Ei, ainda bem que você veio, já estava dizendo pro pessoal que não seria fácil te tirar de casa.- disse uma amiga, já visivelmente alcolizada.- Tem muita gente aqui, gente boa!!-disse ela rindo-se sozinha, e lá se foi, cambaleante, à procura de mais uma garrafa cheia.
-Cadê seu namorado?- Perguntou outro conhecido.
-Ahaa... ele não quis vir.- disse ela, enquanto olhava ansiosamente o celular que teimava em não registrar o número dele.
-Então menina, aproveite, esqueça.- disse, numa tentativa de melhorar as coisas- Quer cerveja?
-Não, obrigada. Meu copo ainda está cheio.- e por sinal a cerveja estava quente em seu copo, mas isso não a preocupava.
A festa acabou, o tempo acabou, e o celular permaneceu mudo...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Rotina


Seis da manhã de um dia frio, o ônibus estava no ponto e seus passageiros iam entrando vagarosamente, ainda inebriados pelo sono e o calor da cama que a pouco tinham deixado...
-Bom dia!-dizia ele, a todos que entravam, nem sempre era respondido, mas tornou isso seu ritual, e o executava todos os dias. -Bom dia.- E o ônibus seguia, enquanto ele contava as moedas, tudo devia estar certo, quando chegasse o fim do dia. A cobrança e a tensão não lhe prejudicava o humor, as longas horas de trabalho lhe faziam feliz, lhe davam o pouco que precisava para manter sua família, e seguia assim, imperturbável, até mesmo sereno...
-Boa tarde!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um vazio


Não havia nada de novo, apenas a sensação de vazio que lhe acompanhava nestes momentos... já havia se sentido assim uma vez, quando perdera um amigo, nunca soube bem como reagir, mas agora, não estava perdendo ninguém, era apenas uma lembrança, um pensamento triste, uma saudade que não tinha explicação.
Uma música tocava, triste também, uma música de saudade, e a chuva caia lá fora, a sensação de solidão inundava todos os cantos... apenas a música trazia um brilho, um brilho frio, mas ainda assim belo. Seu corpo repousava sobre a cama, no escuro, ouvindo o som, suave e instigante, porém triste...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Até quando?

O mesmo assunto de sempre...
-Então por quê você me conta essas coisas, se na verdade não quer a minha opinião?
-Não é verdade- sempre era, a comunicação era difícil, por vezes impossível- Você que vive me criticando!! Não me ajuda em nada, apenas critica, critica e critica!
-Agora não te ajudo em nada.- Aquilo foi a gota d´água, se algo dentro dela controlava sua raiva, isso já não existia mais.-Ou você que é orgulhoso demais para ouvir ou não quer entender. Não é possivel! Você é sempre o certo, o perfeito! Vá em frente, diga mais alguma das suas verdades.
Ele se calou, como sempre, esperaria toda a ira dela passar... era o costume. Gostava dela, apesar de seu temperamento forte. Bastava apenas que amanhã ligasse pra ela pedindo desculpas, cheio de amor, e tudo estaria nos eixos de novo... mas até quando?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Vida


A visão era ruim... e o tumulto constante. Eram três horas da tarde, o sol ainda estava quente e o ar da cidade pesado. As pessoas andavam apressadas. O sinal fechou, a impaciência era clara nos olhares irritados, voltados quase sempre para aquela luz verde do semáforo, que nunca mudava... os carros passavam, muitos...
Enfim o sinal abril, e a massa compacta de gente enfim se moveu, deixaram de ser corpos estáticos... se moviam, numa sinfonia louca...
Buzinas, esbarrões, gritos, calor, tudo enchia de movimento aquela tela em matizes de cinza, e um corpo encolhido no canto da calçada era apenas mais um entre outros tantos, não se movia, estava inerte, apenas os cabelos brancos e seus enbaçados olhos azuis voltados para o chão mostravam o brilho de sua existência... ... com a mão estendida, esperando algo descer dos céus...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Crescer


Um pequeno e frágil ser... seus olhos atentos a tudo ao seu redor, os olhos negros que não escondem a curiosidade... seu olhar vai em todas as direções...
-Que linda!! Olhe pra mim gracinha.-Diz uma senhora.
-Mais que beleza! Que fofa!!-diz outra senhora.
O sol brilha lá fora, e tudo parece novo... de novo. Seu corpo se mexe. Seus olhos se mexem de um lado a outro, procurando entender... a força lhe falta, depende apenas... e inevitavelmente, a vida a arrasta ao crescimento... a uma compreenção pequena de algo muito maior...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O mar


A noite estava linda, e seu olhar ainda estava perdido no horizonte, era um sonho, sabia disso, afinal havia muito tempo que não via o mar... aquela imagem, o vento, o som do mar lhe trazia boas lembranças, lembranças que o tédio não conseguiu retirar suas cores...estavam vivas dentro de si...apenas lembranças de um tempo que se foi...
Um ruído se ouvia ao longe...tornado-se cada vez mais alto... e um click determina tudo...
-Fernanda...Está na hora de levantar.

sexta-feira, 17 de julho de 2009


-Segure ele!!!-gritou uma mulher.
Dali a uns minutos um vulto passa correndo... segundos depois um policial passa correndo, e junto com ele um outro guarda.
-Pega!!!-grita outra.
-O que está acontecendo?-Diz a garota.- olhando o rastro de curiosidade que havia se instalado no calçadão.
-Você não viu?-Diz o colega, olhando por cima da maioria da dos curiosos.-Um cara passou correndo por nós... Pelo que entendi era um daqueles trombadinhas safados.
-Nem vi.- disse a garota, olhando para aquela massa de gente se esgueirando para olhar o guarda que perseguia o moleque, já atrasado.
-Olhe só, o guarda não vai pegá-lo nunca. olha só a distância dos dois.- disse uma senhora ao lado.
-É Marina, se fosse contigo, provavelmente ele teria levado sua bolsa e você nem teria visto.- Disse Carlos rindo da confusão da amiga.
-Nem é assim.-disse ela emburrando a cara.-Essa é a primeira vez que vejo algo assim aqui na cidade...
-As coisas está mudando querida. A cidade está cada vez mais violenta.
-É verdade. Agora vai trabalhar,- disse ela rindo, ao perceber que o colega ainda olhava na direção que o guarda havia tomado antes de sumir no meio da multidão no fim da rua.
-É né.
-Já basta uma desempregada...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Frustração

O estado de choque era claro, e a situação, perfeitamente normal...
"Por que estou tendo isso agora?"
-Quando você se forma?
-Estou me formando- as palavras saíram frouxas e quase não se ouvia, sussuradas pelo canto da boca.
-Quando?
-Este semestre Pai.- Não era falta de amor, muito pelo contrário, apenas a esmagadora cobrança, isso sim lhe causava um pavor, que muitas vezes a fazia chorar.
-Entendi. Tenho planos para você, portando forme-se o mais rápido que puder.
-Ok. - "quero seguir meus próprios passos" pensava ela, mas as palavras nunca saiam- Tudo bem, vou me formar assim que puder.
-Faça isso.
O click do telefone se deu instantes depois, e uma sensação de frustração tomou conta dela, deitada num quarto onde apenas a luz do monitor iluminava o aposento.
Sabia que a cobrança era constante, tentava dizer tudo, mas nada saía, e era sempre assim, as conversas se encerravam com um sentimento de frustração que custava a sumir.
E assim seguia a vida...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Estou em crise


A sensação do passo seguinte é avassaladora...
é o passo seguinte, o próximo movimento.
O por quê de tantas dúvidas, tudo é tão simples, basta apenas seguir... as pernas tremem, e o pensamento de "será que devo?", "por quê?", entre tantas perguntas...
-Você está tendo crise de identidade.- disse ele sem olhar, enquanto mexia em algo dentro da panela.- Apenas isso, algumas pessoas tem isso durante a vida.
-Nunca teve isso?-Pergunta ela.
-Não. - Disse ele, cortando alguns legumes para a salada.- Nunca tive tempo.
-Como assim nunca teve? Você nunca questionou o porquê das coisas? Por que trabalhava? Para quem fazia isso?
-Na verdade, comecei a trabalhar muito cedo, eu tinha necessidades, minha família precisava disso, então eu fazia. Só.
A garota ficou pensativa... a vida também não tinha sido fácil para ela, tinha lutado muito pra estar onde estava, mas ainda assim não tinha alcançado a resposta.
-Sabe, quando penso nessas coisas, esse não é o principal objetivo.- disse ela, olhando para o chão.- Do que tem medo?
-Já te disse,- ele olhou para ela com um a expressção séria- Tenho medo de ficar cego. Acho que só.
-Humm...-ela pensou um pouco, e depois disse:-tenho medo de viver sem um objetivo, uma vida sem sentido...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ambiente de trabalho

Em mais um dia de trabalho...
-Porque você não está fazendo acompanhamento daquele relatório Carla?
-Qual relatório? - O telefone tocava loucamente. - Um momento, por favor... Bom dia, em que posso ajudar? Sim, ok, vou te transferir, um momento. Joana, ligação pra você, é do estoque. - e voltando para a chefe que a olhava insistentemente.- Qual relatório? - Disse ela, digitando um email qualquer.
- A Marina me falou que o relatório está desatualizado e que não está contendo as informações que ela precisa. - Marina não olhava para ela, apenas para a chefe, tinha sido dedurada, sabia disso...
-Espere um momento.- Carla sabia do que se tratava, e já não era de estranho sofrer perseguições por parte desta colega de trabalho. Enquanto, procurava as informações que precisava sua chefe continuava a esbravejar:
- Se você não tem capacidade de continuar acompanhando esse relatório, me avise que colocarei outra pessoa para fazer isso...- Entre outras tantas coisas absurdas,que a menina preferiu ignorar.
-Aqui está, - disse ela mostrando a planilha de acompanhamento à chefe. - Está tudo aqui, olhe você mesma.- a menina entregou uma pasta contendo todas as informações que eram desejadas.- O que Marina está reclamando não estar no relatório realmente não deveria estar, e se ela tivesse lido todo o relatório saberia o porque de não conter essas informações, estou errada? - Carla estava satisfeita com o efeito causado pela resposta, mas sabia que a revanche viria depois,porém a pequena vitória já era suficiente para melhorar seu animo.
O silêncio imperou na sala, nada foi dito, nenhuma desculpa foi dada, apenas uma pequena indignação permaneceu em Carla naquele dia, afinal, ela estava certa e havia sido criticada injustamente,e ninguém sequer pediu desculpas...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Frio

A porta do espaço está aberta
é só mais um passo,
o abismo se apresenta ali na frente
E a razão devaneia pensamentos loucos,
dançando na beira do abismo,
Num cai, não sai,
apenas dança,
e a mente perambula, ora frenética
ora cansada,
À procura de algo que não sabe,
e um passo em falso,
lá se vai mais uma pedra pro abismo,
A balançar o corpo, agitar as idéias...
Esquecer o frio, e o medo do vazio.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Distância

Ai tempo...Os dias passam monótonos, frios, cada vez mais frios, e a fina blusa que a cobre não é capaz de protegê-la do vento cortante da manhã de segunda-feira, mas não há nada que possa fazer, a vida continua, mesmo quando se tem a impressão que o tempo parou, e a vida continua, sempre, forte, firme, terrível...
A caminhada é curta, ela acumula coisas, inventa às vezes, pela pretensa idéia de fazer o tempo passar mais rápido, mas pra que? Por quê? A resposta vem a ponta da língua, mas logo em seguida é engolida, juntamente com o amargo orgulho ferido, afinal, quem vai ceder, ela que não seria... e o duelo de titãs prossegue...mesmo que a distância...
O caminho a percorrer ainda é longo, buzinas, carros, ônibus, tudo segue seu curso, e ela segue, fingindo que não liga para nada, tentando dar significado à vida, pelas músicas que houve em seu mp3...
E o tempo passa, o caminho acaba...
-Bom dia!- Diz um colega de trabalho.
-Bom dia!! - diz ela com um sorriso amarelo, entre os lábios, disfarçando a distância de seus pensamentos...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O tempo


As brisas quentes, o sol, o calor, se foram... no lugar deles ficou um calor gélido, uma sensação vaga de que as coisas estão mudando...
-Estranho como o tempo passa, não é?
-Sinto-me cada vez mais velho!- Diz ele, com um olhar distante.
-Páre com isso! Nada a ver...
-Mas é sério! Quanto tempo tem que nos conhecemos...
A movimentação na praça, especificamente naquele dia era grande, um domingo quente, mesmo que no principio do outono, era grande.
-Bom, te conheci na minha casa, eu acho...
-É verdade!-Diz ele sem olhar a menina.
-È... tem uns seis anos...- diz ela olhando os meninos que passavam correndo.
-Pois é, são apenas seis anos...-riu ele, olhando a cara embaraçada da menina.Havia anos que eles se conheciam, costumavam compor músicas e poemas logo que se conheceram...mas o tempo passou, e por algum motivo se afastaram...
-Foram só alguns anos, mas ainda acho que não há nada de errado contigo! Você está ótimo, como da última vez que te vi.- Diz a menina, disfarçando o fato de ter ficado vermelha ao olhar para ele e perceber que ele também olhava para ela...
-Só adquiri alguns fios brancos e um pouco de mal humor- disse ele, descontraíndo a conversa.
-Mal humor... ninguém escapa disso quando envelhece... eu por exemplo acho que ganhei muito disso.
-É mesmo? Acho que você deve ficar muito bonita brava..
-Ahaa nem vem...- riu a menina, visivelmente desconcertada.
-Vamos embora? Amanhã tenho de trabalhar.
-Vamos sim, estou cansada também.
E assim foram, caminhando lado a lado, relembrando coisas e remexendo num passado bonito e pálido.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Esquecimento...


A tarde está linda, o clima agradável, e o almoço de domingo foi ótimo...
-Que coisa engraçada!! Eu acho que aquela garçonete era esquesita...- diz Ana.
-Acho mesmo que ela gostou de você...
-Ah... não obrigada. Já estou muito bem servida - Diz a menina, abraçando o namorado.
A sua frente vem, num andar cambaleante, um mendigo, carregando uma enorme sacola de sabe-se lá o que. O ar ia de encontro ao homem, e em breve o jovem casal sentia o mal cheiro que ele exalava...
Alguns passos a frente...
-Coitado! Não deve tomar banho à dias...- Diz a menina a olhar pra trás.
-Coitado nada! ele escolheu essa vida... muitos deles não querem ajuda...
-Não penso muito assim..são uns coitados, que a família abandonou e acabam assim, nessa miséria..
-Mas muitos estão assim, porquê se enfiaram em vícios, e se afundaram tanto que nem sequer sentem vontade de sair, e nem querem sair... aí está o motivo da família abandoná-los, o cansaço.
- Não justifica! É muito fácil abandonar alguém... olhe o estado daquele homem...
-Amor, eu sei...- disse ele abraçando a garota,- Vamos esquecer isso, porquê a tarde está linda e ainda temos muita coisa a fazer...



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Assim que a maioria das pessoas agem... simplesmente preferem esquecer o que as incomoda...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Passado, presente e futuro

Tem coisas nessa vida que devem permanecer onde estão... não nostalgia solidificada ou algo assim, é apenas uma constatação... momentos bons no passado não se traduzem em momentos bons no presente, muitas das vezes se transformam em situações confusas e coisas demasiadamente complicadas num futuro ainda mais próximo...
Essas situações são vividas diariamente por pessoas que se acostumam a florir seu passado, e a achar que o que se foi é melhor que o futuro que se descortina à frente... a escapatória? A criação de uma imagem que muitas vezes não se encaixa naquilo que realmente se é... e o resultado disso? pode ser a curto prazo, para aqueles que são um pouco racionais e percebem a armadilha que acabaram criando e se sentem confusos com o fato, ou ainda aqueles que vão demorar a ver,pois a verdade ficou escancarada, ou talvez nunca vejam, e vivam para sempre nas grades de uma imagem feliz enquanto a vida passa e a relação da qual fantaseiam flores, apodrece e se desfaz...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

É carnaval

Rua cheia...sol, e muita gente...
-Tá acanbando galera!! Foi um prazer ter reunido todos vocês!- diz o um homem, de cima do carro de som.
A polícia olhava aquela multidão com um aspecto sombrio, prontos para se divertirem com os carnavalescos bêbados e exaltados pelo calor excessivo.
Karina passou por um polícial, ele a olhou como se ela não pertencesse à aquele cenário, o que por sua vez não deixava de ser a mais pura verdade.
-Saiam da frente, disse um policial empurrando as pessoas, abrindo caminho para mais uma carnavalesca que passava mal.
-Nossa, coitada!!-disse um mulher ao lado.
No minuto seguinte ninguém mais se preocupa com a mulher desmaiada, afinal, é verão, domingo de carnaval...
Ela segue seu caminho, sozinha, à procura da amiga... Um homem, passa por ela, visivelmente alcolizado ou muito mais que isso, ele já não enxergava nada, seus olhos giravam sem um uma direção definida, sem olhar para nada talvez, com passos cambaleantes , a esbarrar por todos que cruzavam seu caminho.
-Posso te conhecer?- diz um garoto, pondo a mão na menina, ela por sua vez simplismente o ignora e continua andando, mas ele insiste:-Pode me dizer seu nome?
-Karina...-diz ela ao olhar pra ele, que já estava visívelmente bêbado.
-Nossa, te achei a garota mais linda desse carnaval... posso te dar um beijo?
-Não!-diz ela já se desviando dele.
Simplismente ele a segue:-Só um beijo!
-Já disse que não!- diz ela empurrando o cara.
-Ou!! É carnaval!!!
Ela sai rapidamente do alcance, se desviando o máximo que pode daquele bando de corpos suados, e em sua maioria, exalando álcool, se perguntando o porquê de ter saído de sua casa..

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Relacionamento

-Você não acredita em mim?
-Não!- Responde ela.
-Mas por que não?
-Porque você trai.
-Eu traí minha namorada, e o que tem isso a ver.
-Pra mim, muita coisa.-Diz ela com deboche.
-Mas estou mudado! Sou um novo homem agora!-Diz ele, com convicção.-Ontem nós tivemos uma discussão, depois disso prometi que não trairia ela mais....
-E o que ela te prometeu?
-Ela? Nada! Só eu que prometi!
-Por que vc trai?
-Que?
-Por que você trai sua namorada?
-Ahaa, acho que por que ela não tem muito tempo, e quando tem, em geral ela esta brigando comigo por um motivo qualquer...-diz ele, com um olhar distante, buscando na memória a razão por estar dizendo tudo aquilo.
-E você prometeu a ela que não vai mais trair?
-Sim. Foi uma escolha minha.
-Tomara que essa escolha te faça feliz, apesar de que, na minha opinião, se o motivo que tomou como base pra sua escolha foi o motivo de ela não te dar atenção, e de brigar contigo com frequencia, acredito que vai ser dificil você manter sua promessa- a garota olhava pela porta, sem encará-lo.
-Por que diz isso?
-Relacionamento talvez seja a coisa mais estranha que existe, as mudanças tem de partir de cada um, mas não podem ser apenas de um lado entende?-agora ela brincava com o copo de refrigerante, fazendo-o girar de um lado a outro.- A tentativa de mudança tem de partir dos dois, se apenas um dos lados puxa o barco, o cansaço em breve aparece, e logo depois dele o desanimo... Por isso que espero que você cumpra a sua promessa.
-Você quer mesmo que eu faça isso?
-Quero o que é certo.-Olhando pro relógio .-Estou atrasada...
-Já vai?
-Tenho que ir, sua amiga aqui tem coisas a fazer...- disse ela, abrindo a carteira e colocando uma nota sobre a mesa, disse: - O relacionamento é uma troca constante, de promessas, sentimentos e expectativas... se por algum motivo essa relação de troca for de mão única, o relacionamento esta fadado ao fracasso. A única coisa que posso te dizer é que você tenha cuidado pra não ser infeliz...agora vou nessa.- Diz ela, ao dar um beijo na testa de seu amigo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Verdade

-Mãe...-diz com um tom choroso.
Ela lhe olha com uma expressão de procupação disfarçada...
-O que aconteceu?
-Nada! Só me abrace!-já se debulhando em lágrimas.
-Tudo bem então. Você comeu alguma coisa?- A mãe estava jogando com as armas que dispunha, porque já conhecia a filha, sabia que enquanto ela nã estivesse disposta a falar, muito dificilmente conseguiria saber o que tinha ocorrido.
As lágrimas brotavam descaradamente, rolavam e caiam pela pelo rosto numa velocidade impressionante.
-Estou cansada! Cansada de tudo!- Diz num desespero momentâneo.
-Você não quer mesmo falar sobre o assunto?
-Não! Só estou aborrecida! Preciso por pra fora, estou engasgando com tanta informação, tantas coisas...
A mãe, olha pro chão tentando achar um assunto naquela hora da madrugada, que pudesse distrair sua filha.- Seu gato fez muita bagunça hoje, sabia?- Diz ela, afagando o gato preto que roçava sua perna.- Quase quebrou todos os prato que deixei em cima da mesa...
A menina ri, olha o gato, que com seus atraentes olhos verdes, realçados pela pelagem negre e espessa, distraem e a levam a pensar em outras coisas.-Só você pra me fazer rir numa hora dessas.-Diz ao acariciar a cabeça do gato.
-Sua avó foi internada hoje...
-O que houve?-Diz, enxugando as últimas lágrimas que ainda insistiam em escapar dos olhos.- É algo sério?
-Acho que ela comeu algo que não fez bem...- Enfim tinha conseguido distrair a filha...
-É mãe, complicado- diz a menina olhando distraídamente para o gato que se enroscava em suas pernas- A vó já não tem mais aquela saúde, tinhamos de pensar melhor no que fazer, sei lá... trazer ela pra morar com a gente, algo assim...
-Seu avô não deixaria...
-Também sei disso, mas o Vô já não tem idade de decidir nada.
-Diga isso pra ele..
-Eu diria se me deixassem fazer as coisas do meu jeito, mas vocês acham que ele ainda pode fazer o que quiser... não me resta alternativa senão ser parte integrante da platéia que assiste o circo pegar fogo...
-Você com essa mania de piadinhas de mal gosto!
-Ah mãe... antes fazer piada do que chorar até desidratar, não há nada do que eu possa fazer, tem?
-Vou dormir ok? Já são quase duas da manhã e você ainda não me contou o que aconteceu...
-Ah mãe, disse a verdade, simplismente, acho que foi demais... terminamos, só isso...
-Mas vocês pareciam tão bem...
-Estávamos... boa noite mãe. Dorme com Deus. - Diz ela, abraçando seu gato, e ai sim iria dormir tranquila. A verdade foi dita.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Companheiro

-Ei, você está muito engraçadinho hoje! - reclama a menina, com um ar de severidade mal fingida.
-Você acha...nem percebi...- diz ele rindo.
-É serio!- ela ri também, afinal as coisas são bem mais divertidas quando ele está ao lado.
-Olá meninos!
-Oi Gabi!- diz a menina.
-Oi, como vai?- pergunta o garoto.
-Estou bem e vocês?
-Estou ótima! Animadíssima pra hoje!!-numa euforia perceptível.
-Estou bem, na verdade me divertindo...- Diz Marcos, com um ar de deboche estampado na cara.
-Está sim, se divertindo às minhas custas, o que é pior, não é Gabi?
-Que coisa...-Diz Gabi rindo.
-Vai um Halls, Trident, chiclete?
-Não obrigada.
-Vocês estão muito tempo na fila?
-Não, chegamos faz uns dez minutos, não é Nice?
-É, sim. Mas tempo suficiente para eu estar rezando pra você chegar Gabi. O Marcos só me perturba!
-Ele te ama.-Diz Gabi.
-Desculpe atrapalhar a noite de vocês, mas...- Um homem com a expressão de cansaço, e com cheiro de alcóol insuportável- Cada um de vocês podia me dar um real.
O olhar de espanto é visível na cara dos três...
-Desculpe senhor, mas não tenho trocados e acredito que nenhuma das minhas amigas também tenha.- As meninas estavam emudecidas.
-Você não tem medo do meu cachorro não heim?- Diz o mendigo, levando na brincadeira o fato daqueles jovens estarem na fila de uma boate. - Ele é terrível! - Disse o mendigo olhando para o cachorro que arrastava por um trapo amarrado no pescoço - Ele é pior que pitt bull sabia?
-Ah moço...- disse Nice, se recuperando do susto- esse seu cachorro está mais com medo do senhor que tudo!
Todo mundo caiu na gargalhada.
-Poxa, assim não dá! Cachorro! Você tem de ser bravo, pra eu conseguir um dinheiro!- Diz o homem- Gente valeu aí! Fiquem na paz!
E lá se foi o homem, que mal se segurava nas pernas, mas que ainda assim segurava o trapo que amarrava seu cachorro, e este o acompanhava como se zelasse por seu dono, compartilhando não apenas a sua miséria como de tudo o mais em sua vida.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sábado...

Passos tranquilos pela rua, numa breve manhã de sábado... a chuva cai insistentemente, mas nem se lembra de prestar atenção em nada, a chuva não incomoda, seu passos são leves, quase como se seus pés não tocassem o chão...
Um carro passa jogando água nos pedetres, e logo um deles lança ao motorista uma coletânea de xingamentos...
-Esses motoristas são terríveis! Não tem o mínimo de consideração pela gente.- reclama ele a uma senhora ao seu lado.
-É verdade! Parece que fazem de propósito, se divertem esses safados!!!
Alguns metros a frente, os carros seguem, pelas ruas vão sem nem notar o que se passa fora deles, e assim segue a rotina, passando pelas ruas da cidade, a chuva, e ainda os pedestres...
O sinal fecha, e os pedestres atravessam, o caminho é longo, e a mente é vasta, não sobra tempo pra pensar nessas coisas, o caminho é o de sempre, mas os pensamentos são outros, as idéias são outras... as lembranças são felizes...
-Alò!!- Diz- Não sei, acho que não vou...- do outro lado as insistências - Tudo bem, vou ver se dá, ok?- Na verdade nem ia, era apenas um pretexto pra despistar a amiga.-Desligou o cel

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O céu se apresentava cinzento e abafado...
-Moço! - Chama uma garota - Por um real, o senhor pode comprar esta canetas coloridas, ou ainda esta aqui, com várias cores: verde, azul, preta...
-Não obrigado! Diz o homem, sem nem olhar a caneta.
-E você?- E a menina continua, incansável- É pra me ajudar! Uma caneta! Tenho de várias cores! E pode ser da outra também!- Uma senhora olha a caneta, e depois para menina, faz um gesto de negativa e volta a olhar um pouco a frente na esperança de ter um ônibus.
Como se fosse uma doença, as pessoas se afastavam da menina, às vezes olhavam para ela, por outras preocupavam-se apenas em sair do caminho, com seu olhar fixamente voltado para a rua...
Os ônibus iam e vinham numa dança frenética, enquanto seus futuros passageiros aguardavam anciosos, se encolhendo debaixo da pequena combertura oferecida pelo ponto de ônibus surperlotado.
O sol mostra a sua cara por breves momentos, tornando ainda mais insuportável aquele espaço. Voltou a chover..e ainda mais encolhidos estão aquele bando de corpos cansados por mais um jornada de trabalho.
-Uma caneta aí? Tenho verde, azul, vermelha...
- Me dê uma. - Diz uma jovem. - Quanto é?
-Um real.Três por dois?
-Não obrigada. Tome aqui seu dinheiro. E boa sorte nas vendas - E a jovem sai, a passos apressadas enquanto uma grande quantidade de gente se avolumava diante da porta do ônibus que acabara de estacionar.
E a mocinha das canetas, olha sua nota de um real, sorri, e segue seu caminho:-Moça! A senhora compra uma caneta pra me ajudar?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O fim, enfim...

-Acabou!
-Como assim? Desse jeito?- Replica ele.
-Desse jeito sim- Diz ela, séria.-Já não aguento suas mentiras!
-Mas amor, estou dizendo, consegui um emprego! E vai dar pra fazer tudo que nós tinhamos planejado, e...
-E nada!!! Você não vê. Acabou porquê estou esse tempo todo esperando você crescer... e o que você tem feito? NADA!! Absolutamente NADA!!! Só mente, mente e mente. Parece que você me acha estúpida, que não vejo você aprontar das suas!
-Amor, escute...- Diz ele tentando engolir o choro - Estou me esforçando! To procurando emprego! Pra gente poder sair, do jeito que você gosta!
-Não vê que é inútil! Já tomei essa decisão!- Ela,apesar da aparência fria e sólida, segurava as lágrimas também.- Quero um futuro, e quero alguém em que possa confiar!! E o que você faz?? Me diz que está procurando emprego, que vamos construir uma vida, e coisa e tal... e minha mãe te vê aí, todo dia enfiado no computador, na casa dos seus amigos! É assim que você quer me dar um futuro?? É assim que você quer viver??
-Estou mudando! Você sabe!
-Não vejo nada disso!
-Você tem certeza?- Diz ele já aos prantos- De que é isso que você quer?
-Quero ser feliz! Quero alguém que caiba nos meus sonhos...e por mais que eu goste de você, não é o suficiente! Não dá sabe.- E uma pequena lágrima escorre pelo rosto dela, uma lágrima fria, mas ainda assim de dor..
-Você apenas gosta de mim?- ele nem tentava esconder as lágrimas, que já rolavam pelo seu rosto descaradamente. - Você dizia que me amava! Que ia ser mãe dos meu filhos!! E agora vem com essa de "por mais que eu goste de você"? Tem outro na história? Admita!!!- Sua voz ecoava pelo quarto, e seu rosto, vermelho e manchado pelas lágrimas, adquiria uma aspecto ainda mais triste.
-Quero que você vá embora!- Sem encará-lo
-Não vai me responder??? - Perguntou ele.- É verdade né?
-Não!!! Estou terminando com você porquê estou cansada das suas histórias, das suas mentiras, estou cansada de você!
Ele, ao ouvir essas palavras, se virou e saiu... talvez pra nunca mais voltar...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Olhos fechados

O som do mar ao fundo...
-Quanto é o picolé?
-R$1,50! - responde o vendedor ambulante - Tem morango, chocolate branco, blue ice...- e outros infinitos sabores.
-Me dá um de chocolate!
Ao lado, uma família agitada, rindo das trapalhadas de uma das mulheres:
- Você precisava ver a cara de Rita... quando a tampa do fogão caiu... Mas eu avisei, se meter na casa dos outros, na cozinha ... ainda mais na cozinha. Agora vou ter que mandar arrumar o fogão...- diz um senhor gordo, que mal cabia na sua cadeira-Pelo menos foi engraçado a cara de susto dela...rsrs...
-E você fez o que na hora? - Pergunta uma senhora ao lado.
-Eu não fiz nada... só ri, depois que fui reclamar, afinal, quem vai pagar sou eu né.-Diz o senhor as gargalhadas.
-Oi!!- Diz outro vendedor - Vai amendoim torrado ai?
- Não, moço, valeu.
Uns minutos depois...
-Olha o fiscal!!! - Grita uma mulher - Tá atrapalhando a mulher trabalhar!!!
E o fiscal com o grupo de apoio rodeando a mulher, vendedora da pizza.
-Larga ela seu covarde- Grita o senhor gordo ao lado.
-Deixa ela trabalhar - gritou outro expectador.
-Só pega mulher, seu safado. Deixa a mulher ir embora!
E depois de tantos protestos, o fiscal libera a pobre senhora.
- Isso mesmo, deixa as pessoas honestas trabalharem! Vai embora!! - Protesta outro vendedor.
Um carro barulhento passa do outro lado da rua... e a confusão desaparece juntamente com o fiscal.
-Você vai se queimar demais- Diz o meu Pai - O sol está muito quente. Vem pra sombra.
Enfim, abro meus olhos, levanto e vou pra sombra.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Pseudo-máquinas II

Pseudo-máquinas... porquê não somos máquinas, porque nunca vamos ser... porque queremos ser frios, insensíveis, entre outras coisas, e colocamos isso nos objetos, e não nas pessoas, não é fácil ignorar a dor do próximo quando se apresenta ao lado, quando se conhece, convive, ou compartilha as frustrações...
As pessoas cada vez mais tem se tornado essas pseudo-máquinas, talvez por diversão, mas acredito mais que é apenas um meio de fugir do cotidiano, do convívio...de fugir dos sentimentalismos do dia-a-dia, é um meio simples de evitar ou diminuir problemas, dores, a obrigação do relacionamento, e de muitas outras coisas, que sem as máquinas, eramos obrigados a interagir...
Eu falo isso, porquê, quantas vezes já deixei de sair com meus amigos, de ir pra um barzinho, uma boate, ou mesmo pra andar à toa no shopping, apenas pra ficar na internet, com meus amigos virtuais, muitos dos quais nem sei como são, qual seu nome ( verdadeiro!), quais são seus medos... sei apenas seus nicks, seu modo de escrever, a fonte que usam, e as cores preferidas...
Quantas vezes dei conselhos a esses meus amigos virtuais, sem nunca o ter visto, quantas vezes ouvi(ou melhor li) histórias de uma vida inteira, resumidas a poucas linhas, ignorando os detalhes e a maior parte do contexto... e por aí vai...
O convívio entre pessoas tem se tornado difícil e até insuportável...fazemos então o que é mais simples, nos aproximamos das máquinas, nos colocamos atrás de uma tela de computador, e a usamos como máscara para disfarçar nossas fraquezas, nossas debilidades, e interagimos nas dezenas de sites de relacionamentos, blogs e outras coisas do tipo.
As relações entre pessoas está mudando, hoje é possivel pedir uma pizza, fazer compras no supermercado, ou ir ao shopping sem sair de casa...tudo pode ser feito online... não é mais obrigatório falar com o garçon, o atendente, ou qualquer outro empregado, tudo está ao alcance de um click...
Não vejo isso com bons olhos, apesar de ser um exemplar claro dessa nova tendência, pois essa simbiose homem-máquina nos torna ainda mais temerosos, mais sensíveis, e mais intolerantes ao próximo, desejamos a eficiencia, a racionalidade, quando na verdade somos imperfeitos, muitas vezes ineficientes e irracionais...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pseudo máquinas

Como de costume, a observação do cotidiano é sempre algo interessante, quando se tem paciência é claro...
Nos últimos tempos, observando o desemrolar da cortina da vida, surpreendo-me cada dia mais com o ser humano ( e não me excluo dessas observações!), somos ambíguos, irracionais, até burros às vezes...
Desejamos infinitamente alguém que nos faça companhia, quando na verdade nos sentimos mais à vontade sozinhos... queremos compartilhar anseios, alegrias e coisas assim, e no fim acabamos defendendo somente nossos interesses, nas coisas, negócios e até nos sentimentos. Dizemos o tempo inteiro que é bom estarmos acompanhados, mas nos dói ( às vezes realmente) se temos de compartilhar não só nossa escova de dente, como também a renda, a casa, o banheiro...
Conviver com próximo tem se tornado cada vez mais dificil... fácil é estabelecer o contato virtual, a amizade virtual, ou até o sexo virtual, e quando enfim, perde a graça, basta só bloquear o contato... e pronto! Acabamos com o problema, não tem o desagradável sabor do reencontro,basta as palavras rispidas escritas de qualquer maneira nessas conversas online. Simples.
Essas e outras coisas nos transforma, não mais em homens, mas em pseudomáquinas, cada vez mais dependentes, cada vez mais frias, e simplismente mais artificiais... mais distantes do calor humano, e dos instintos que nos trouxeram até aqui...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Flores no tempo

O tempo...
Estranho é constatar que o tempo não passa somente para os outros, passa também para nos... nos faz perceber que já não dispomos da mesma energia de outrora... que tudo que nos divertiu, já não tem a menor graça, talvez passe até como piadinha de mal gosto...
E assim a vida vai passando, vamos trocando nossas preferências, os bares, talvez até os amigos, e quando infelizmente nos damos conta dessa terr~ivel separação, a vida já mudou o cenário e as peças do tabuleiro, restanto apenas o desespero, para não ser esquecido num canto qualquer da lembrança, como aquelas velhas flores, resultado de um romance, que ainda resta vivo na lembrança e naquela velha caixa de presente guardada numa gaveta esquecida...
A poeira que o tempo traz, então se acumula na vida, e se formos distraídos, é provavel que nem se dê conta de que a vida passou e juventudo se foi e que os anos se acumulam, juntamente com as rugas, que aparecem cada vez mais descaradas e sem vergonha.
Enfim...o tempo se encarrega de levar as pétals de nossas flores, cabe a nós saber plantar as sementes antes que a úlitima planta se vá...