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Sou uma pessoa alegre e tranquila.Tenho percepções um tanto diferente, vejo o mundo de forma simples e descontraída!! Ficar no mesmo lugar me cansa, por conta disso, amo viajar, principalmente quando não tenho tenho hora pra voltar. Sou uma romântica assumida, apaixonada pela músicas e por meus gatos. Talvez, eu até seja um tanto instável, mas sou sincera.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A escolha (parte 3 / final)

O transito estava tranquilo, e o carro andava rapidamente pelas ruas da cidade.
Ana olhava, tensa, os prédios que passavam rápido, sua mente voltada apenas para suas preocupações..." Nada daquilo podia estar acontecendo. Justo agora!!" pensava ela.
-Já estamos chegando.- disse Marcelo, ao entrar no estacionamento do hospital.
-Ok.
Eles saíram do carro e andaram até a recepção do hospital. Pessoas andavam de um lado a outro, algumas olhavam impassiveis para o relógio, outras tinham seus rostos encharcados pelo choro, aquilo definitivamente era o pronto socorro.
-Bom dia- disse ela.- Gostaria de saber em qual quarto se encontra o senhor Carlos Andrade.Sou filha dele, e fiquei sabendo que ele foi trazido pra cá hoje de manhã.
-Sim senhora, ele esta estável, e já está no quarto, mas creio que a senhora terá de esperar. Sabe como é, só permitimos a entrada de duas pessoas por vez no quarto do paciente.
-Ok, obrigada senhora.
Ana e Marcelo se dirigiram ao andar indicado pela recepcionista. Um longo corredor se estendia diante do elevador, e pouco depois dele uma pequena sala de espera, onde se encontravam algumas pessoas. Ana olhou dentro da sala à procura de sua mãe, e num canto próximo a janela estava ela, com um olhar perdido.
-Mãe?- Chamou.
-Ana!! Graças a Deus!!-Disse a senhora, ao levantar rapidamente da cadeira e rapidamente abraçou a filha.- Ainda bem que você chegou, estava em tempo de ficar louca, tive que providenciar os documentos, um monte de coisas...
-E como ele está?- A mãe dela ainda falava sobre os infortúnios que tinham acontecido até então.
-Hum- disse ela ao ser interronpida.- Segundo o médico, ele teve apenas alguns arranhões, mas como bateu a cabeça, vai ter de ficar aqui no hospital em repouso.
-Você já falou com ele mãe?
-Ainda não querida, sabe como são essas coisas, só consegui vê-lo dormindo.
-Quanto tempo ele está aqui?
-Me ligaram tem uns 40 minutos, estava aqui perto, na casa de uma amiga. Por falar nisso, querida, fique aqui com ele, tenho outras coisas a fazer.- dizendo isso, sua mãe pegou a bolsa que estava no banco e quando ia sair, olhou para Marcelo.- Quem é esse rapaz bonito que está contigo minha filha?
-É o Marcelo...- disse Ana, sentindo seu rosto ficar vermelho- A senhora não se lembra dele?
A mãe de Ana se aproximou mais, o analisou, mas não disse nenhuma palavra.
-Já namorei sua filha a alguns anos atrás. Até na casa da senhora eu fui.- Disse Marcelo, visivelmente enrubecido.
Depois de mais alguns momentos de silencio, finalmente a mãe de Ana disse: - Espero que dessa vez vocês tenham um pouco de juízo e sosseguem juntos.- dizendo isso, a senhora se dirigiu ao elevador e foi embora.
O silêncio dominou o ambiente por alguns minutos. Ana foi até o quarto onde seu pai estava, entrou e lá encontrou um senhor de meia idade, ainda belo apesar da idade, deitado numa cama de hospital. Marcelo a seguiu, a um pequena distância.
-Filha?
-Pai, você está acordado ou te acordei?
-Estava fingindo que dormia...sua mãe estava aqui,e se ela pudesse iria me passar um sermão. Você me entende né?
-Sim.
-Marcelo? Nossa quanto tempo!! Chegue mais perto.- Marcelo se aproximou da cama, o senhor deitado ali o examinava.- Como você mudou. Você viu isso Ana?
-Vi sim.- Ela estava sem graça,visivelmente desconcertada disse:- O médico lhe disse quando vai sair?
-Daqui a algumas horas. Preciso de roupas limpas.- Disse ele ao olhar para o quarto.- Acho que sua mãe se esqueceu de pegar roupas lá em casa- e com um suspiro disse:- Minha filha, preciso que pegue roupas para mim.
-Tudo bem. Passo lá. O que você quer que eu traga?
-Fica a seu critério.
Ana saiu do quarto, seguida de perto por Marcelo. Ao chegarem perto do elevador, ele olhou pra ela atentamente.
-Agora que você viu que está tudo bem, podemos conversar?- O elevador estava parado alguns andares acima deles, Ana olhava ansiosa para o indicador no alto da porta.- Agora!
Ana olhava para a porta do elevador, torcia as mãos nervosamente.
-Olhe Ana, sei que não fiz nada direito no passado, mas estou aqui, estou querendo concertar meus erros.
-Não é tão simples assim...você some, reaparece quando bem quer e acha que tem o direito de exigir que eu preste atenção no que diz?
-Não foi assim, você sabe disso. Passei numa prova, eu tinha de ir, mas não me esqueci de você.- Ele olha pra ela atentamente, e então suspira. - Não quero falar sobre passado, quero corrigir meus erros, sei que errei em não te dar o apoio que você precisava, mas você tem de entender meu lado também.
-Não quero entender nada ok?- Ela estava quase gritando, seu corpo tremia.- Quero apenas continar com a minha vida... sem você.- Ana olhava fixamente para a porta do elevador, estava tentando se controlar.
-Então por quê você não diz isso olhando pra mim?- Marcelo a segurou pelos ombros, e a virou, ela o encarou com os olhos cheios de lágrimas.- Olhe pra você, está chorando... Por que está chorando?
-Não é da sua conta- Disse ela tentando se desvencilhar das mãos de Marcelo.
-Claro que é! Você quer que eu acredite no que está dizendo, mas não olha pra mim, e quando olha, está com os olhos cheios de lágrimas. Você quer enganar quem?
-Me solte!- Ao invés disso, Marcelo a abraçou, com força. Por alguns instantes Ana tentou se soltar, mas no fim, também o abraçou.

domingo, 6 de setembro de 2009

A escolha (parte 2)


Marcelo estava parado em frente a porta, olhava atentamente para Ana. A chave rodou na fechadura, e por alguns minutos se entreolharam, estavam se avaliando, como se o tempo não tivesse exercido seu poder sobre eles.
-Bom dia, Ana.-A voz de Marcelo estava diferente agora, muito diferente aliás.
-Bom dia.-disse ela- Entre.
Ele passou por ela, no seu constumeiro ritmo, sem pressa, e aquilo lhe trazia lembranças, muitas aliás, que ela desejou por muito tempo esquecer.
-Cheguei cedo não é?
-Hã? Não! Imagina, é que não estou acostumada a receber visitar a essa hora da manhã.- O relógio na parede indicava 8 horas.- Se você não se importar- disse ela apontando em direção à escada- Tenho muito trabalho a fazer...
-Não se preocupe, não vou te atrapalhar, só quero conversar um pouco.-Disse ele, enquanto andavam em direção à escala circular no fim da sala.- A loja tem bem o seu estilo.- disse enquanto olhava a sala.- Móveis lisos, em tons frios, com alguns toques de cor. Imagino que os enfeites, os quadros, e esses outros detalhes são todos feitos por você.
Ana não tinha se dado conta, mas Marcelo estava observando cada detalhe, cada objeto, os enfeites, tudo, e aquilo a deixava bastante desconcertada.
-É sim.- disse ela, um pouco desconcertada.- Faço vários tipos de mosaicos, com diversos materiais. E você acertou, são todos eu que fiz.
-E você os vende?
-Não todos, a maioria dos que estão neste andar são peças que não tenho a intenção de vender.-Disse ela ao olhar para a sala- Na verdade, trabalho mais sob encomenda.
-Entendi.
Eles subiram as escadas que dava para uma pequena cozinha. Ainda sobre a mesa, estava o copo de chá que ela havia deixado pouco antes de descer, ao seu lado uma pequena vasilha com biscoitos.
-Você ainda come esses biscoitos com sementinhas?- disse ele ao pegar um deles e mordiscá-lo.
-Sim, gosto bastante desses biscoitos com cereais... acho que muitas coisas ainda são iguais ao que eram.- ela pegou seu copo de chá, foi até a chaleira e o encheu. Marcelo a olhava, atentamente, talvez ela começasse a chorar.- Aceita chá? Ou prefere café?
-Café é melhor.- Ele ainda olhava fixamente para ela, mas em momento algum ela o encarou.
Ficaram aguardando em silêncio, enquanto a água fervia. Nenhum assunto, apenas o silêncio, e nenhum dos dois dizia nada. Minutos se passaram até o café ficar pronto. Ana pegou uma xícara do armário ao lado da escada, a colocou sobre a pia e a encheu de café. Em seguida, pegou a xícara de chá e a de café, entregou a Marcelo sua respectiva xícara e foi para a outra sala. Marcelo a seguiu.
Estavam numa sala pequena, onde em todas as paredes via-se incontáveis prateleiras e nestas caixas e vidros dos mais variados conteúdos. Do lado oposto à porta estava uma mesa, bem embaixo de uma larga janela de vidro liso, que por sua vez proporcionava uma bela vista para a praça logo em frente. Nessa mesa, vários frascos com conteúdos coloridos, e vidros mais vidros de cola e diversos outros objetos, entre eles um jarro de barro médio parcialmente coberto de desenhos coloridos e alguns livros de fotografia.
Ana sentou-se na cadeita próxima a mesa, e olhando para o vaso, suspirou.
Mais silêncio...
-O que você quer?- disse sem encará-lo, enquanto ia fixando cuidadosamente as pequenas peças coloridas no vaso à sua frente.
Marcelo não respondeu de imediato, olhava para a janela, e através dela o tempo cinzento que se mostrava lá fora.- Pensei que seria bom ver você.
-Porquê pensou isso?
o telefone tocou, interronpendo a conversa, Ana tirou o celular do bolso, era sua mãe, atendeu:- Bom dia Mãe. Tudo bem? Sério?- Ana procurou rapidamente sobre a mesa algo em que pudesse anotar as informações passadas pelo telefone.- Mas ele está bem? Você está com ele? Ok, ok. Estou indo pra ai. Não se preocupe, dou um jeito.- Ana tremia, mal coseguira anotar no papel as informações necessárias. Ela desligou o telefone.
-O que aconteceu?- Marcelo estava de pé ao seu lado.
Ainda trêmula, Ana esquecera-se dele totalmente, levantou da cadeira onde estava sentada e foi até uma parede a esquerda, onde pegou uma bolsa e foi andando até a porta, em direção a escada.
-Ana.
-Hã? Oi, desculpe.
-Não se preocupe, o que aconteceu?
Ana olhou diretamente para ele, e era a primeira vez que fazia isso desde que tinham se encontrado.- Meu pai sofreu um acidente, e está nos hospital agora.
-E como ele está?
-Não sei ao certo, minha mãe estava muito nervosa, estava falando muitas coisas ao mesmo tempo. Tenho que ir pra lá, desculpa não...
-Você vai pegar algo no seu apartamento?- ele não esperou Ana concluir sua fala- Te levo lá no hospital.
Ana se sentia abalada, queria resistir à proximidade, fugir, mandá-lo embora, mas tudo conspirava contra, e suas forças lhe faltavam quando mais precisava delas. Enquanto ela fechava a porta da loja, Marcelo desceu a rua, abriu a porta do carro e o levou até em frente da loja, abriu a porta do carona pelo lado de dentro, e esperou que Ana se sentasse ao seu lado.Minutos depois estavam indo rapidamente para o principal hospital da cidade.
Eram 10 horas da manhã.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A escolha (parte 1)


Muitos anos se passaram... toca o telefone, sem muita vontade ela levanta da cama e atende:
-Alô...-Eram dez horas da noite, lembrou-se que o dia seguinte seria cheio, tinha muitos pedidos pra atender.
-Ana?
-Sim, sou eu, mas quem é?-Não tinha a menor idéia de que fosse, embora sua voz lhe parecesse familiar.
-É o Marcelo, lembra-se?
Marcelo, a muitos anos que não ouvia falar dele, tinham sido namorados, mas ele havia desaparecido depois do término.
-Oiii, quanto tempo! Tudo bem com você?- Ela olhou o relógio, aqueles minutos perdidos no telefone lhe custariam caro amanhã, sabia disso.
-Estou bem e você? Realmente, faz muito tempo que não te vejo, por coincidência encontrei um amigo nosso daquela época, o Beto, você se lembra dele ?
-Hã, claro!! Ele trabalha quase em frente ao meu atêlie.
-Então, perguntei sobre você e ele me deu seu telefone.- ela estava muda do outro lado, porque o Beto tinha feito isso, ele sabia de toda a história, enxugara suas lágrimas diversas vezes por causa do Marcelo.- Então, você é artista agora?
-É, descobri que tenho vocação para isso, tenho me dado bem por enquanto.
-O Beto me disse que você faz cada coisa maravilhosa, me deu até curiosidade.
-Hum, exagero do Beto, sabe, ele sempre foi exagerado e você sabe disso.- Ela desejava desligar o telefone mas algo tornava aquilo impossivel.
-Posso te visitar?- o choque!! era o que ela temia,o que iria responder.- Posso?
-Ok... você tem o endereço?- sua voz quase desapareceu entre essas palavras.
-Tenho sim, amanhã então! Beijos querida!-O click do telefone decidira tudo,e ela ainda olhava para algum ponto da sala escura, tentando entender.Quando eram jovens, eles namoraram, ela era apaixonada nele, mas de repente, tudo acabou e ele simplismente desapareceu, e ao longo desses dez anos que se passaram, poucas notícias sobre ele apareciam ocasionalmente. Ele era um membro importante da polícia na capital, teve um relacionamento sério, entre outras pequenas notícias.
A vida para Ana não tinha sido fácil, casara-se, separou-se depois de três anos, talvez por ser uma relação de conveniência, ou por mera carência. Não tinha filhos, morava sozinha num pequeno e confortável apartamento no mesmo prédio onde estava sua loja,no centro de sua cidade natal. Ela era bonita, morena, magra, mas depois de sua separação, não se envolvera com mais ninguém, apesar da insistência das amigas em "ajudá-la". Sua vida se limitava a cuidar das coisas que mais lhe proporcionavam prazer, algumas noites no cinema ou no teatro, suas obras de arte, e seus queridos peixes.
Seis da manhã. O despertador toca. Ana se levanta, pega as roupas penduradas numa cadeira e se dirige ao ritual cotidiano, toma um banho, toma seu chá de hortelã e come alguns biscoitos, desce para a loja.
Sete da manhã, há poucas pessoas na rua a essa hora, ela desce pelo elevador, sai pelo saguão do prédio e vira a esquina, pouco depois já está em frente a loja.
-Bom dia Dona Ana.
-Bom dia Erick, tudo bem contigo?
-Sim senhora, graças ao bom Deus.- Erick era um senhor, com seus sessenta e poucos anos, e devido as dificuldades que a vida lhe impos, ainda trabalhava. Seu bom humor era notável, e sempre cumprimentava a todos que por ele passasse enquanto fazia a limpeza diaria da calçada daquele prédio.
-Bom trabalho para o Senhor.- disse Ana, enquanto abria a porta do ateliê e logo em seguida a fechava.
-Pra senhora também- disse ele, enquanto seguia seu caminho varrendo a rua.
Ana entrou pela pequena sala, subiu as escadas onde davam para uma pequena cozinha. Pôs a chaleira para funcionar, e enquanto a água esquentava, seguiu para uma pequena sala logo a frente. Ao entrar, numa mesa próxima a porta, havia um pacote ainda fechado, e um pequeno envelope anexado:-São os pedidos...é melhor começar logo.- eles tinham de ser entregues ainda essa semana. Eram muitos, teria de trabalhar duro pra dar conta de tudo. - Talvez eu deva contratar alguem para me ajudar- mas logo desistiu da idéia, sabia que aquilo não dava certo, já tentara uma vez, e o que conseguiu foi apenas desperdício de dinheiro e amolação. A pequena chaleira começou a apitar, Ana preparou o chá, e voltou para a pequena sala, sentou-se próxima a uma grande mesa de madeira, puxou para perto de si um pequeno móvel cheio de gavetas, dali tirou diversos instrumentos, os colocou sobre a mesa e com uma pequena tesoura cortou a embalagem do pacote e se pôs a trabalhar. Ainda eram 7:30.
A manhã daquele dia seguia tranquila, a mesma rotina, o mesmo horário. E então a campainha tocou. Ana olhou atentamente o relógio na parede, era cedo ainda para algum cliente aparecer. Fechou os olhos e rezou para que não fosse nenhum curioso ou algo assim.Desceu as escadas, e apesar da iluminação interna, não deu pra reconhecer o ansioso visitante. A campainha voltou a tocar. Ana apressou o passo, e ao chegar proximo a porta de vidro, lá estava Marcelo...